Com o encerramento da COP30, realizada em Belém (PA), e a aprovação do Pacote de Belém — conjunto de 29 decisões que guiará a agenda climática global — as discussões sobre sustentabilidade ganham força no país. Um estudo da Descarbonize Soluções mostra que oito em cada dez brasileiros pretendem adotar mais hábitos sustentáveis em 2026, impulsionados pelo receio de um futuro marcado por desastres naturais, cenário previsto pela maior parte dos entrevistados.

Segundo o levantamento, 48% dos brasileiros já planejam mudanças concretas, enquanto 31% desejam alterar hábitos, mas ainda não sabem por onde começar. Outros 14% só pretendem avançar se conseguirem encaixar as práticas na rotina. Para o CEO da empresa, Patrick von Schaaffhausen, o dado reflete “uma consciência crescente sobre o papel individual nas transformações climáticas, embora persistam dúvidas e dificuldades do dia a dia”.

As dificuldades de 2025 ajudam a explicar o movimento de mudança. Reduzir o consumo de energia foi o hábito mais difícil de manter (39%), seguido por evitar plásticos descartáveis (32%) e economizar água (31%). O alto custo de produtos sustentáveis foi apontado como principal barreira por 26% dos entrevistados, seguido da falta de tempo (22%) e da ausência de políticas públicas (15%), demonstrando que práticas individuais ainda dependem de condições coletivas.

A pesquisa também avaliou a percepção sobre o setor privado. Para 37% dos entrevistados, as empresas adotaram apenas ações básicas ou pontuais de sustentabilidade em 2025. Outros 36% consideram que a atuação foi insuficiente, parte deles apontando que o discurso sustentável segue mais forte que as ações concretas. Schaaffhausen alerta para o risco reputacional: “Consumidores já identificam marcas que tratam a sustentabilidade como fachada. Iniciativas pontuais não geram transformação real”.

O estudo revela ainda preocupação com o futuro: 56% dos brasileiros acreditam que o país enfrentará desastres naturais mais severos se nada mudar, 52% preveem escassez de recursos essenciais e 34% temem desigualdade climática. Apesar disso, há disposição para agir. As áreas onde a população pretende ser mais sustentável em 2026 são alimentação (58%), transporte (35%), consumo de roupas e acessórios (34%) e turismo (22%).

Schaaffhausen avalia que o momento é decisivo, especialmente com a atenção internacional voltada ao Brasil após a COP30. “Estamos diante de um ponto de virada. O país tem potencial de protagonizar a agenda global, e a conscientização crescente da população é um passo essencial. O desafio agora é transformar essa vontade em políticas públicas, inovação e acesso”, afirma. A pesquisa ouviu 500 brasileiros de todos os estados, de diferentes idades e classes sociais, por meio de plataforma online no dia 4 de novembro de 2025.

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